Gourmet é um adjetivo que parece ter ficado banal. Afinal, hoje em dia quase tudo tem uma versão “gourmetizada” que, em boa parte das vezes, trata-se mais de uma bela jogada de marketing do que, de fato, um atestado de um produto de maior qualidade.
No caso do café, ser gourmet é coisa séria. Esse título indica uma série de informações que o consumidor precisa saber. Além disso, um café gourmet deve atender a um conjunto complexo de condições de plantio, torra, preparo e comercialização que vai, de fato, garantir que o produto final possua uma qualidade superior a dos cafés tradicionais.
Mas, afinal, qual a diferença entre o café gourmet e o tradicional? Descubra abaixo!
O café gourmet é aquele que não sacrifica a qualidade do produto final
Existem várias formas de se produzir café e muitas estratégias podem ser adotadas para tornar o processo mais barato e rentável para o produtor.
Por exemplo: os grãos de café, antes de serem moídos e embalados, podem passar por uma criteriosa seleção, em que são escolhidos apenas os grãos maduros e de boa qualidade. Essa é uma característica do café gourmet: usa-se os grãos no seu melhor momento e, por isso, há o cuidado em fazer a colheita certeira.
Porém, para baratear o processo, pode-se não ter esse critério e pular a etapa de separação. Portanto, na hora moagem podem cair alguns grãos verdes, ou outros que passam do ponto. Ou seja, o trabalho é menos minucioso (consequentemente, mais barato) e esse não é um café gourmet.
Isso não quer dizer que o produto vá fazer mal à saúde dos consumidores, mas, certamente, não terá todos os benefícios que um café pode produzir.
É produzido com grãos diferentes
Além de ser feito apenas com grãos de maturação adequada, o café gourmet também deve ser produzido unicamente a partir da espécie Arábica, enquanto os tradicionais podem conter grãos do tipo Robusta (ou Conilon). Os cafés do tipo Arábica apresentam cerca de 50% menos cafeína do que os grãos comuns e são bem mais aromáticos.
Além disso, ainda existem diversos tipos de café Arábica, cada um deles com variações específicas em características como aroma, coloração, sabor, corpo e acidez. Hoje, no Brasil, são quatro as variedades mais conhecidas: Bourbon, Catuaí, Acaiá e Mundo Novo.
Bourbon
Por ser muito sensível a pragas e doenças, a produção do Bourbon pode ser mais delicada, mas ele é considerado um dos grãos de maior qualidade. O café produzido com ele terá um resultado de aroma intenso, sabor mais adocicado e será bastante suave.
Ele ainda pode ser subdividido entre Bourbon Amarelo e Bourbon Vermelho, mas a diferença fundamental entre os dois diz respeito, basicamente, à cor do grão.
Catuaí
O Catuaí é um dos grãos mais produzidos no Brasil e é plantado principalmente em regiões mais altas. De acidez bem suave, pode até mesmo ser consumido sem açúcar!
Também é dividido entre os grãos amarelos e vermelhos, sendo que o segundo resulta em um líquido mais encorpado. Por esse motivo, é interessante que eles sejam consumidos em blends.
Acaiá
De acidez média e sabor achocolatado, o grão Acaiá é ideal para quem prefere uma bebida mais suave. Ele ainda pode apresentar notas aromáticas mais frutadas. Muitas vezes, para resultar em um café mais encorpado e intenso, os grãos do tipo Acaiá são misturados ao Bourbon.
Mundo Novo
O café Mundo Novo é produzido no Brasil desde o começo da década de 50. De fácil adaptação, ele pode ser plantado em diversas regiões diferentes, mas é mais encontrado nos estados de Minas Gerais e São Paulo.
Por possuir sabor bem marcante e aroma suave, é um grão bastante indicado para receitas à base de café.
Possui diferentes tempos de torra
O tipo e o tempo da torra também são determinantes no resultado final da bebida. Os cafés gourmet são feitos com um processo mais brando já que, geralmente, a torra mais forte é usada para esconder defeitos que o grão selecionado não possui.
O “gourmet” é um selo de qualidade
Com a banalidade que o título gourmet tem adquirido, pode parecer que é um mero capricho, mas isso não é verdade. É a forma como a empresa pode comunicar a seus clientes que a qualidade daquele produto é superior, já que ele obedeceu a uma série de processos que potencializam os benefícios e as qualidades naturais do café.
Para entregar um produto de altíssimo nível, é preciso adotar práticas criteriosas ao longo do processo de produção e, por isso mesmo, é necessário diferenciar aquele produto.
Só assim o consumidor poderá ter certeza da qualidade do produto que está adquirindo, e a marca pode destacar que aquele café é, realmente, melhor do que aqueles que adotam processos menos rigorosos.
Todo consumidor pode identificar se um café é gourmet ou não
Atestar a boa qualidade ao cliente é a maior importância do selo. Não basta escrever na embalagem a palavra gourmet: é preciso ter o selo de qualidade gourmet. É ele que garante que a marca de café passou por um profundo processo de auditoria e verificações.
Cada um deles é produzido de forma diferente
Portanto, a diferença fundamental entre o café tradicional e o café gourmet é o fato de que o segundo passa por um processo muito mais criterioso para entregar ao consumidor um produto de alta categoria, puro e sem defeitos.
Que a qualidade do café tradicional é muito inferior em relação ao gourmet já está claro. Mas, como entender, na prática, o quão grande é essa diferença? Para facilitar, a Associação Brasileira da Indústria do Café (ABIC), colocou essas medidas no papel e de forma bem clara.
Segundo a instituição, enquanto a qualidade global (saiba mais abaixo) do café tradicional é em torno de 4,5 (em 10), uma marca para ser gourmet deve ter uma qualidade de, no mínimo, 7,3.
Qualidade global
As notas da ABIC dizem respeito à qualidade global dos produtos, mas o que é isso? Esse parâmetro corresponde à percepção conjunta do café, levando em conta os aromas e a intensidade dos sabores do produto.
A nota final é decidida por um grupo de provadores treinados e credenciados, que avaliam atributos como acidez, fragrância do pó, adstringência, amargor e aroma, entre outros.
Os cafés que são mais aromáticos e que atingem o amargor adequado levam vantagem na avaliação. Mas, um detalhe: o sabor amargo não pode ser resultante da torra excessiva, o que pode tirar alguns pontos do produto.
Além disso, a associação também considera questões como a presença de grãos defeituosos ou fermentados, que indicam pontos negativos.
A classificação é decidida de forma técnica e oficial
Você abre qualquer embalagem de café e se depara com aquele mesmo pó característico em todas elas. Isso pode passar uma sensação de que todo café é igual. Mas, avisamos de antemão: cada café é diferente.
Desde as condições em que ele foi plantado até a forma como é distribuído para os consumidores, todo a forma como o processo de produção é feito pode alterar a qualidade do produto final.
Hoje, as avaliações da ABIC ainda permitem que os cafés sejam divididos entre as seguintes categorias: tradicional ou extraforte, superior e gourmet. As diferenças podem ser no aroma, na cor e, principalmente no sabor — e são essas as características que ajudam o consumidor a distinguir se um café é gourmet ou não.
Cafés tradicionais
Essa categoria também inclui os pós do tipo extraforte. Eles são bons para ser consumido no dia a dia, com valores mais acessíveis e com uma qualidade aceitável. Para a ABIC, esses cafés se enquadram entre aqueles que possuem a avaliação entre 4,5 e 5,9.
Cafés superiores
Os produtos chamados superiores possuem uma qualidade um pouco mais elevada do que os tradicionais, mas ainda sem atingir o patamar do café gourmet. A nota dos pós superiores deve variar entre 6,0 e 7,2.
Cafés gourmet
Finalmente, os cafés gourmet são aqueles mais refinados e de alta qualidade. Eles devem ser produzidos a partir de grãos selecionados e com torra controlada. Nos cafés gourmets é possível notar, ainda, algumas notas aromáticas diferentes. A avaliação desse café deve ser superior a 7,3.
O café gourmet possui maior custo-benefício
Como o processo de produção do café gourmet é muito mais minucioso, ele acaba saindo bem mais caro para o produtor. Como era de se esperar, essa diferença reflete no valor final do produto, fazendo com que o preço do melhor café possa parecer bem mais elevado nas gôndolas do supermercado.
No entanto, como a qualidade do produto é bem superior, para fazer o café do dia a dia não é preciso utilizar a mesma quantidade de pó que os cafés tradicionais. Isso faz com que o pacote dure mais tempo e, consequentemente, o produto gourmet tenha um custo-benefício maior, já que você estará adquirindo um café de qualidade bem superior.
Dicas para identificar um café gourmet
Para um especialista treinado em avaliar cafés, pode ser bem fácil perceber as diferentes nuances da bebida. Mas, no dia a dia, algumas dicas podem lhe ajudar a degustar a bebida com mais propriedade:
- os cafés gourmet são bem mais aromáticos e podem lembrar aromas diferenciados. Eles podem variar entre notas frutadas, achocolatadas e de nozes, entre outras;
- a torra do café especial é mais branda. Você pode perceber isso por meio do amargor da bebida: se ele for muito intenso e lembrar um pouco o gosto de queimado, é porque a torra foi forte;
- o sabor do café gourmet é mais complexo, mas também é mais suave, com certa doçura natural. Por isso, muita gente prefere tomá-lo sem nenhum tipo de adoçante artificial.
Como você viu, não é qualquer produto que pode ser chamado de café gourmet. São muitos detalhes que envolvem essa classificação que é, acima de tudo, uma garantia de qualidade.
Agora que você já sabe como identificá-lo facilmente e vai poder impressionar com esses novos conhecimentos, que tal conhecer algumas opções para experimentar? Confira agora mesmo a nossa seleção especial!