Café forte significa qualidade? Entenda o que interfere no sabor da bebida

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Há quem diga que o café bom é um café forte. Entretanto, muitas vezes os motivos pelos quais a bebida tem esse sabor forte são “obscuros” — saiba que são muitos fatores que influenciam no sabor do seu cafezinho. Ou seja, para além dos rótulos de “forte” e “extra forte”, existem muitos processos que precedem a bebida que está em sua xícara.

Tais procedimentos que interferem diretamente no sabor final da bebida do café começam muito antes do que se imagina. O Brasil é um país privilegiado no que diz respeito à produção de café: o solo, o clima e a tecnologia agrária, fazem com que sejamos capazes de produzir café para todos os gostos e paladares. As variações da torra, a procedência do grão e o manuseio da lavoura são alguns dos fatores que também exercem influência na qualidade final do produto.

Para apreciar o cafezinho do jeito que mais lhe agrada, o consumidor deve estar atento a distintas características que o produto deve conter. Ler em um rótulo não necessariamente irá satisfazer seu padrão de gosto e qualidade.

Entenda o que é capaz de interferir no sabor do café e por que o fato de ele ser “forte” ou “extra forte” não é uma garantia de qualidade.

A qualidade das espécies

A distinção da qualidade dos produtos acontece por conta das características de pureza, sabor e corpo. Tais características demandam diferentes matérias-primas para a fabricação de cada tipo de café. Obviamente, os cafés especiais e gourmets pedem grãos e procedimentos diferenciados dos mais corriqueiros.

A espécie do café é o primeiro fator a ser levado em conta quando se fala em qualidade do produto final. As espécies mais comuns são o café arábica e o robusta. O arábica proporciona uma bebida de qualidade superior, com aroma e sabor mais acentuado — claro que existem variações dentro da mesma espécie.

Já o robusta é utilizado em blends, ou seja, em misturas com o café arábica. Além de reduzir um pouco a acidez comum do arábica, ele também pode oferecer uma bebida de custo inferior, ajustando a qualidade e o sabor de acordo como o habito de determinado nicho de consumidores.

Localidade e qualidade

Onde o café está sendo cultivado e processado também influencia no produto final. As diversidades climáticas podem proporcionar variações quanto à acidez, aroma, corpo e até mesmo à doçura da bebida. Neste caso, o Brasil pode proporcionar uma enorme variedade de cafés, uma vez que os solos e climas nos quais o grão é cultivado são diversos.

Na produção cafeeira, devem ser levados em conta altitude e o solo, no qual o cultivo será efetuado, a vertente de insolação na lavoura, o espaçamento entre as plantas, o cuidado com adubação e o controle de pragas. Um inverno mais seco, por exemplo, pode favorecer a qualidade do café, uma vez que nestas condições existe a maior probabilidade de colher grãos mais maduros.

A importância do manejo correto

Além disso, o manejo também varia e este é um fator que também exerce certa influência no produto final. A colheita, a secagem e o processamento são as fases finais decisivas da colheita. Um procedimento equivocado pode botar todo o cuidado com o cultivo a perder. Na colheita, os grãos devem estar no seu auge de maturação, tomando muito cuidado para que não haja a contaminação, ocorrida geralmente quado entram em contato com o solo.

Depois de limpo e lavado, os grãos vão para o terreiro e são secados ao sol. Após a secagem, acontece o beneficiamento e o re-beneficiamento, no qual se retiram respectivamente a casca e os grãos verdes e imperfeitos. Assim, ele está pronto para a industrialização e comércio. Repare que os cuidados são muitos. Um manejo mal executado pode “estragar” os grãos que provém de qualquer colheita perfeita, interferindo diretamente na qualidade final da bebida.

A definição a partir da torra

Tanto a torra como o grau de moagem são fatores importantíssimos para definir o tipo da bebida. O ponto de torra ideal é capaz de revelar todo o sabor e o aroma. A moagem, por sua vez, define a forma de preparo.

No que diz respeito à torra, é importante que o consumidor esteja bem informado. Alguns cafés considerados extra fortes não passam de grãos de baixa qualidade e até mesmo grãos verdes, literalmente queimados. Eles passam do ponto máximo de torra, chegando a carbonizar os grãos, a fim de alcançar um sabor mais amargo. Por isso, o consumidor deve estar atento às suas escolhas. Se o café forte não é necessariamente sinônimo de qualidade, o café extra forte, menos ainda, uma vez que a carbonização dos grãos faz com que ele perca suas propriedades.

Existem os tipos mais comuns de torra, no caso da produção específica de um café gourmet. Há a torra clara, que produz bebidas menos amargas, mais ácidas, porém suaves. A torra média equilibra o amargor, a acidez e o aroma. Já a torra escura, que submete os grãos a um tempo de torrefação maior, produz uma bebida menos ácida e menos encorpada, porém mais amarga ou mais forte. Nota-se, então, que é possível produzir cafés de qualidade que não são exatamente fortes. Ou seja, a razão qualidade igual a amargor está longe de ser uma realidade.

Fatores cotidianos

Em busca de um sabor mais forte, muitas empresas procuram um café mais robusto e barato, proporcionando uma bebida iodofórmica, ou seja, com sabor industrial. Quer dizer, ainda que mais forte, esse cafezinho será de qualidade mais baixa. Além disso, o preparo certamente vai influenciar no sabor do café.

A quantidade de pó em razão da quantidade de água, é um outro ponto que claramente fará da bebida mais ou menos forte. Também é importante perceber que a temperatura da água pode deixar o café forte mais amargo — implicando diretamente numa perda de qualidade da bebida. Segundo a Associação Brasileira da Indústria do Café (ABIC), a temperatura ideal é de entre 90 a 100 graus Celsius — ela deve ser retirada do fogo logo que se inicia a fervura. Assim, os amantes do café tomarão a bebida com as notas de aroma, cor e sabor exatas, pensadas pelos seus produtores.

Gosta de café forte? O que achou dessas informações? Compartilhe conosco seus conhecimentos e experiências com os diferentes tipos de café.

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