Que o nosso país passa por uma crise econômica severa nos últimos tempos não é novidade pra ninguém. Toda a cadeia de consumo e serviços se esforça para não sucumbir aos problemas e passar o mais ileso possível por este período.
Entretanto, alguns setores de forma brilhante conseguem crescer e ainda aumentar os lucros durante essa fase. O maior exemplo para nós, que apreciamos um bom café, é o nicho empresarial do café gourmet.
Com média de crescimento de 15% ao ano, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), a previsão é que até 2019 o consumo desta variação da bebida mais que triplique. Enquanto isso, o consumo do cafezinho simples, que também tem o seu lugar mais que garantido no coração dos brasileiros, vem crescendo numa aceleração menor: apenas 3% ao ano.
Enquanto consumidores de café tradicional podem estar levemente diminuindo o consumo ou trocando a sua marca preferida por uma de menor preço e até mesmo qualidade, uma outra grande parcela apreciadora da bebida segue descobrindo os prazeres dos cafés gourmets e especiais.
Gourmet é coisa séria
Nos últimos tempos, uma onda de variações “gourmet” de diversos produtos do setor alimentício invadiu as prateleiras e restaurantes. Em muitos casos, apenas uma estratégia de marketing para atrair clientes e aumentar o preço. No caso do café gourmet a situação é diferente.
Os produtos de qualidade têm realmente um processo de produção diferenciado que inicia na plantação, passa pela colheita e chega ao processo de industrialização. A apreciação do café gourmet cresce à medida que o consumidor também refina o seu paladar e aprende a diferenciá-lo do café tradicional.
Assim como vimos crescer nos últimos tempos o número de enófilos (pessoas que amam e tentam entender as variações e sabores do vinho), os apreciadores de café também vêm se educando e agora querem saber mais da origem e as diferenças entre as bebidas.
Uma pesquisa da Abic mostra que hoje 37% dos consumidores de café já identificam um café tipo gourmet. Na considerada classe A da população, 57% diz que aprecia e conhece esta variação. A mesma pesquisa mostra que 44% dos consumidores está disposto a pagar um pouco mais do que investe nos cafés tradicionais para ter acesso a um especial.
Fora das cafeterias
Outro fator que garante a elevação do consumo do café gourmet é a facilidade de acesso à bebida. Se antes para tomarmos um produto de qualidade melhor tínhamos que ir a uma cafeteria ou procurar uma casa especializada, hoje, lojas de conveniência, escritórios e até mesmo barbearias buscam oferecer para seus clientes a possibilidade de experimentar um bom produto enquanto realizam algum serviço.
Muitos, inclusive, passam a conhecer e apreciar os “gourmets” em muitos destes locais e, a partir daí, levam a paixão para a vida.
A facilidade de adquirir bons produtos também pela internet, onde é possível além de comprar por meio de poucos cliques, pesquisar sobre as marcas, origens e comparar informações, também alavancou a quantidade de cafés especiais nas casas dos brasileiros.
Ainda que para muitos não seja possível consumir um café gourmet diariamente, existe a vontade de ter algumas cápsulas, grãos ou pó para ocasiões especiais — assim como queremos servir um bom vinho ou cerveja quando recebemos alguém querido em casa.
Exportação amplia lucro
Além do crescimento do consumo dentro do Brasil, os produtores de café gourmet encontraram, também, uma outra forma de ampliar os lucros e expandir as possibilidades de crescimento das marcas: a exportação.
Os cafés especiais produzidos no Brasil já viajam o mundo inteiro e disputam espaço com cafés de diversas regiões já reconhecidas pela sua qualidade como o da Colômbia e de alguns países da África.
Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Café, das 5 milhões de sacas de café gourmet produzidas em 2015, 80% foram destinadas à exportação — a maioria foi enviada aos Estados Unidos.
A venda de cafés especiais ao exterior já representa mais de 30% de toda a receita de exportação de café brasileiro para o mundo. Além dos Estados Unidos, Alemanha e Japão também são outros grandes apreciadores do nosso café gourmet e figuram entre os países que mais importam a nossa produção especial.
Cápsulas impulsionaram o mercado
O grande aumento na procura do café capsulado é outro fator que garantiu o crescimento do consumo do café gourmet brasileiro em meio à crise. Isso deve à facilidade de acesso, à variedade de sabores e qualidade e à redução do preço das máquinas que utilizam este tipo de forma de preparo.
Apesar de ainda ser considerada uma novidade para muitos, o segmento do das cápsulas já representa quase 1% do volume total de café consumido no país. E a tendência é que esse crescimento continue acelerando nos próximos anos: até 2019, segundo a Abic, as cápsulas devem alcançar 1,1% ou mais do consumo total de café. Até lá, a expectativa é que somente este nicho do mercado movimente mais de R$ 2 bilhões!
Jovens “descobrem” o café gourmet
Se antes pensávamos no café gourmet como uma bebida “madura” e segmentada, é melhor revermos os nossos conceitos sobre isso. O crescimento das grandes redes de cafeteria ao redor do mundo, como a Starbucks, trouxe um novo público para o consumo de cafés especiais.
Essas redes de cafeteria se tornaram verdadeiros pontos de encontros para jovens que agora, muitas vezes, abrem mão de uma cerveja para conversar por horas a fio e acompanhados de um bom café.
Nos últimos anos, segundo a Abic, o número de jovens com idade entre 15 a 19 anos que declaram ter o café como bebida habitual cresceu pelo menos 6%. Parte disso se deve à mistura dos cafés especiais com elementos como chantily, chocolate e frutas — que são adicionados em diversas receitas.
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Referência da imagem: goo.gl/H7gYks