Se você frequenta cafés há algum tempo, certamente notou uma mudança no perfil do público que lá está. E se você ainda está começando na área ou investindo numa cafeteria, é bom que você saiba que, sim, já está surfando na terceira onda do café!
Parece estranho e talvez você nem saiba que este movimento existe, muito menos que você, como barista ou dono de uma cafeteria, faz parte dele.
Esse movimento tomou conta do mundo nas últimas décadas e revela que o café vive uma nova fase de descobrimento e apreciação. E quem é apaixonado pela bebida, certamente está entre os responsáveis por esse processo.
Hoje, vamos entender do que se trata essa terceira onda, como ela surgiu, quais foram os momentos anteriores vividos pela indústria do café e tentar entender o que vem por aí para quem está nesse mercado!
Terceira onda: por dentro do movimento
Se você acompanha o universo dos vinhos e das cervejas, certamente notou que, nos últimos anos, os apreciadores vivem um novo momento de admiração e degustação dessas bebidas.
Muito mais do que sentar-se com amigos enquanto essas bebidas estão à mesa, agora há uma preocupação muito maior com o sabor, com os rótulos servidos e com o processo de fabricação. Alguns mais entusiastas gostam, até mesmo, de se arriscar na fabricação da sua própria bebida.
Esta fase chegou, também, para quem aprecia café. Chamada de “terceira onda do café”, agora não existe mais a satisfação em apenas tomar uma dose quentinha pela manhã. Estabeleceu-se um nicho de adoradores que valorizam a bebida e fazem questão de cuidar e conhecer aquilo que estão tomando.
Esse é um movimento e, também, um grande momento para quem trabalha neste ramo: pois provém uma infinidade de possibilidades e de retorno para investimentos em qualidade.
Qualidade em primeiro lugar
Em sintonia com o movimento, surgem, também, a cada dia, novos rótulos, torrefações menores e cafeterias que primam por, além da alta qualidade do serviço, pela transparência dos processos de fabricação e na filosofia de que tomar café é uma experiência que deve ser vivida em todas as suas etapas.
Nessa nova onda, em vez de investimentos em tecnologias mirabolantes e novas ferramentas modernas, algumas técnicas antigas voltam à cena e ganham espaço entre baristas e outros profissionais da área.
Café no coador, por exemplo, feito à moda tradicional, é uma opção que tem sido apontada como uma das formas mais saborosas de degustar a bebida em sua totalidade. A possibilidade de fazer tudo da maneira mais artesanal e menos industrial possível é uma das chancelas defendidas pela terceira onda do café.
Menos sabor, mais energia: a primeira onda
Que a terceira onda está aí e nós estamos, de verdade, navegando por ela, nós já sabemos. Para entender todo o contexto desses diferentes movimentos, é fundamental conhecer as ondas anteriores do café. Assim, é preciso voltar um pouco no tempo para, historicamente, entender os momentos que foram vividos até então.
A primeira grande onda aconteceu bem no início do século XX, mais precisamente após o fim da Segunda Guerra Mundial. Um mundo que ainda se recuperava de toda a devastação provocada pelos conflitos armados, descobriu no café uma possibilidade de ganhar energia e, assim, otimizar a produção da indústria.
Assim, a bebida era consumida aos montes por todas as classes, principalmente a operária, para ganhar energia. Neste momento, pouco importava os sabores, nuances e o corpo do café.
Era levado em consideração apenas como ele poderia ser benéfico aos processos de produção. Os cafés eram de torras muito escuras, com grãos robustos e bastante amargos.
Um novo olhar para o café: a segunda onda
Um mundo que começava a se recolocar e reerguer passou, então, a perceber que o café, que até então era quase um combustível para os trabalhadores, poderia ser, também, uma experiência de consumo mais agradável.
Foi neste momento, e a partir dessa percepção, que surgiu a chamada segunda onda do café. A possibilidade de ter máquinas de café espresso portáteis em casa e a comercialização de grãos arábica em mercados por preços que começavam a se tornar mais competitivos, trouxeram essa nova visão aos consumidores do mundo.
Grandes nomes da indústria do café atual, como a Starbucks, surgiram neste período e “surfaram” na onda do público que começou a se apaixonar pela bebida e fizeram fama ao redor do mundo.
Também, nesse mesmo cenário, criou-se o hábito de tomar café fora de casa e as cafeterias se estabeleceram como um espaço de convivência.
Sustentabilidade: as novas premissas da terceira onda do café
Os anos 2000 trouxeram a terceira onda do café e, com ela, um novo olhar para a bebida. Hoje, além da preocupação com a qualidade e o processo que vai da colheita à xícara do café, os profissionais do ramo, principalmente das cafeterias, criaram um cuidado com a sustentabilidade em todas as etapas.
Dessa forma, existe a cautela com os trabalhadores envolvidos nas etapas de fabricação, com os insumos produzidos e, também, com o meio ambiente.
Assim, até mesmo as cápsulas de café, as queridinhas do momento, merecem atenção especial. Empresas que investem nesse mercado, por exemplo, já criaram cápsulas recicláveis para atender a esse exigente público.
Anos 2000: uma nova forma de consumir café
Além da total “descomoditização” do café, que é o processo de tratá-lo menos como produto de produção de larga escala e mais como um processo cuidadoso e complexo, a terceira onda do café trouxe uma nova forma de consumir o produto.
Valorizar aromas, sabores, corpo e nuances são situações básicas no movimento. E, para isso, além das cafeterias que ganharam popularidade na segunda onda, criaram-se outros locais de experimentação e degustação.
Para tornar o consumo do café algo singular e individual, os espaços diferenciados ganharam espaço. Neles, baristas, torrefadores, empresários e amantes da bebida convivem em harmonia.
Os cafés são feitos na frente do cliente, enquanto explica-se tudo que aqueles grãos representam e qual a sua história. Esses locais, chamados de “coffee labs” por alguns, já começam a, inclusive, separar o grande público das cafeterias, dos que realmente estão embarcados na nova onda do café e que, pelo visto, já navegam em uma possível quarta onda, com ainda mais sensibilização e cuidado.
E você, já preparou o seu negócio para embarcar na terceira onda do café? Quais são os principais benefícios deste momento em sua opinião? Deixe seu comentário aqui no post e recomende algum serviço ou técnica que valoriza mais o café e que você conhece na sua região!